O regresso de Pedro Santana Lopes às luzes da ribalta política teve qualquer coisa de profundamente deprimente. Estava a olhar para algumas das figuras da bancada atrás dele, a pensar na intensa promoção mediática feita à volta do seu anunciado "duelo" com José Sócrates e a meditar em como muitos portugueses resistem a aceitar a ideia de que há um tempo para as brincadeiras e um tempo para tratar do país a sério.
Santana Lopes teve demasiado tempo para tratar das suas brincadeiras e o país pagou por isso mais do que devia. Enquanto ele se limitou a animar debates televisivos e congressos do PSD ou a participar nos programas inventados pelo Albarran em que fingia ser primeiro-ministro, ainda vá que não vá. O problema foi quando se confundiu brincadeira com coisas sérias e quando lhe deram responsabilidades que envolviam trabalho, estudo, dedicação total - primeiro a gerir Lisboa, depois na inacreditável unção como primeiro-ministro, que hoje ainda me custa a acreditar que possa ter acontecido.
Há tempos li que o PSD estava com um problema entre mãos: que lugar dar a Santana Lopes. Discutia-se se o de líder parlamentar, deputado europeu ou re-candidato à Câmara de Lisboa. Escolheram o de líder parlamentar (ele que havia dito que para a Assembleia não regressaria, porque não tinha vocação parlamentar). Confirmei assim que a questão não está, nunca esteve, em saber como pode Santana servir o partido e o país, mas como podem o partido e o país servir Santana. E, visto que ele só sabe fazer política, ou o que imagina como tal, temos todos, que lhe pagamos o ordenado, um problema eterno entre mãos: como o manter ocupado à medida das suas ambições de protagonismo, sem que isso se vire contra nós.
A estreia do ressuscitado Santana Lopes como líder parlamentar do PSD, e logo no debate sobre o Orçamento, foi, como seria de esperar, para lamentar. O homem continua a sustentar que chefiou um grande governo, que fez coisas maravilhosas e que a sua demissão foi uma "novela". Dois anos e meio depois, ainda não interiorizou que chegou a S. Bento sem ir a votos e através de uma manobra maquiavélica desse florentino Durão Barroso, e que, na primeira oportunidade que lhes deram, os portugueses varreram-no do poder, sem dó nem piedade. Há gente assim, capaz de atravessar a vida com um sentimento de absoluta impunidade, como se não houvesse um tempo para brincar e um tempo para levar as coisas a sério e como se a sua diletante irresponsabilidade não causasse danos a terceiros. Ao escolhê-lo para chefiar um debate onde se impunha discutir as alternativas à política económica do Governo, o PSD mostrou que não aprendeu nada com as lições dos últimos anos. Que acredita que as pessoas podem continuar a ser eternamente aldrabadas com jogos circenses de demagogos profissionais, que reduzem a política ao que de pior ela tem. José Sócrates agradece, o país não.
Santana Lopes teve demasiado tempo para tratar das suas brincadeiras e o país pagou por isso mais do que devia. Enquanto ele se limitou a animar debates televisivos e congressos do PSD ou a participar nos programas inventados pelo Albarran em que fingia ser primeiro-ministro, ainda vá que não vá. O problema foi quando se confundiu brincadeira com coisas sérias e quando lhe deram responsabilidades que envolviam trabalho, estudo, dedicação total - primeiro a gerir Lisboa, depois na inacreditável unção como primeiro-ministro, que hoje ainda me custa a acreditar que possa ter acontecido.
Há tempos li que o PSD estava com um problema entre mãos: que lugar dar a Santana Lopes. Discutia-se se o de líder parlamentar, deputado europeu ou re-candidato à Câmara de Lisboa. Escolheram o de líder parlamentar (ele que havia dito que para a Assembleia não regressaria, porque não tinha vocação parlamentar). Confirmei assim que a questão não está, nunca esteve, em saber como pode Santana servir o partido e o país, mas como podem o partido e o país servir Santana. E, visto que ele só sabe fazer política, ou o que imagina como tal, temos todos, que lhe pagamos o ordenado, um problema eterno entre mãos: como o manter ocupado à medida das suas ambições de protagonismo, sem que isso se vire contra nós.
A estreia do ressuscitado Santana Lopes como líder parlamentar do PSD, e logo no debate sobre o Orçamento, foi, como seria de esperar, para lamentar. O homem continua a sustentar que chefiou um grande governo, que fez coisas maravilhosas e que a sua demissão foi uma "novela". Dois anos e meio depois, ainda não interiorizou que chegou a S. Bento sem ir a votos e através de uma manobra maquiavélica desse florentino Durão Barroso, e que, na primeira oportunidade que lhes deram, os portugueses varreram-no do poder, sem dó nem piedade. Há gente assim, capaz de atravessar a vida com um sentimento de absoluta impunidade, como se não houvesse um tempo para brincar e um tempo para levar as coisas a sério e como se a sua diletante irresponsabilidade não causasse danos a terceiros. Ao escolhê-lo para chefiar um debate onde se impunha discutir as alternativas à política económica do Governo, o PSD mostrou que não aprendeu nada com as lições dos últimos anos. Que acredita que as pessoas podem continuar a ser eternamente aldrabadas com jogos circenses de demagogos profissionais, que reduzem a política ao que de pior ela tem. José Sócrates agradece, o país não.
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