Uma Feira triste

E não, não é por causa do tempo. A vontade era a mesma, a ansiedade de liberdade no meio das árvores e dos livros ao fim do dia, talvez ainda maior. A Feira está mesmo com um ar tristonho.
Entra-se nela logo pela secção infantil, tão perdida, tão desamparada, que a comparação com os outros anos é inevitável. Não tem o espaço dividido, não tem as mesas e cadeiras cheias de cores. Dizem que a aumentaram, mas o que aumentaram foi o espaço entre os stands, o que não é necessariamente um ganho numa área que se quer aconchegante e do tamanho de quem a procura. Está, este ano, espaçada como todas as outras zonas da feiras. Só se distingue pela cor das barracas e pelos livros espalhados nas bancas.

A FL está mais pequena e sente-se. Muitas editoras aconchegadas em mais do que uma por stand, às vezes 3 ou 4. O auditório fica no topo, a meio do Parque. É mau! É realmente mau e tem um ar desconfortável e muito pouco acolhedor. Este ano também não temos esplanada nem espaço para sentarmos o cansaço com os olhos pela feira e pelo verde do Parque.
Se a chuva passar, a sombra das árvores terá que chegar. É o que esta Feira ainda tem que me faz ansiar todos os anos por este ar de festa: o ar livre, as árvores, os bancos. O prazer do passeio de domingo, ao fim de qualquer dia de trabalho. Os livros no meio das árvores, o descanso na relva a meio caminho, os gelados nos bancos ao pé dos alfarrabistas (Sun where art thou?), as queijadas de Sintra a matar a fome da hora tardia que nos apanhou distraídos e sem jantar.
Que nunca a fechem! Matavam-na.

E sim, para aqueles/aquelas que já estão à espera da lista, estreei-me :P
Mas que aponte o dedo aquele ou aquela que conseguia resistir a um livro que tivesse esta inscrição na capa:

"Conta-me uma história de amor, uma história oriental,
uma bela história de amor, de ciúme, de sangue e de morte!
Conta-me uma história senão mato-te!"