Quarta-feira, 9 de Janeiro de 2008
Quem me dera um royal flush!
Os casinos vão ter um regime mais favorável no que diz respeito à aplicação da lei do tabaco. Pelo que tenho lido e ouvido, os portugueses mostram-se indignados com a excepção, incluindo os fumadores. Pois bem. Eu não.
Percebo que fundamentalistas anti-tabaco (ou de qualquer outra coisa) se indignem. Não percebo que pessoas razoáveis idem aspas.
Em vez de se raciocinar assim:
Eles que fumem nos casinos! ou, Ao menos fuma-se nos casinos! (dependendo, respectivamente, do desprazer ou prazer que cada um tem ao inalar nicotina);
Raciocina-se assado:
É proibido, é proibido! ou, Se eu não posso fumar, eles também não! (dependendo, respectivamente, de se ser mais autoritário ou invejoso).
Nenhuma das hipóteses é estimável.
Sinal dos tempos – e de uma preocupção higienista singular que tem antecedentes em leis tão tenebrosas como as do apuramento da raça ariana propostas pelo III Reich e aplicações tão actuais, presume-se, como a de Sócrates baixar o IVA dos ginásios de 21 para 5% – a proibição do fumo terá vindo para ficar.
Seria demagógico, apesar de muito, muito tentador (pelo que não resisto) lembrar que destas seis figuras, Churchill, Roosevelt, Estaline, Hitler, Mussolini e Franco, só precisamente as três últimas eram não-fumadores, mas até eu que fumadora me confesso sei reconhecer quando um argumento não tem pernas para andar (além de que o Estaline me estraga bastante o painel).
Assim, o único argumento que me ocorre contra leis proibitivas é o que remete para a sua eficácia (e eis-me rendida ao pragmatismo):
Se a SIDA (para me ater a uma patologia tendencialmente mortífera) fosse provocada pela ingestão de bróculos ou de couves de bruxelas, fácil seria exterminá-la. Proibiam-se os bróculos, interditavam-se as couves e era remédio santo. O problema é que a SIDA também se transmite pelo sexo e o sexo está associado ao prazer. E o prazer bem que podem proibi-lo...
[... vieram-me nesmo agora dizer que o Primeiro-Ministro decidiu que o Tratado Europeu não iria a referendo («um dos grandes defeitos da Democracia é os resultados»). Vou contar até 10, fumar um cigarro e recolher ao leito. Boa noite!]
Percebo que fundamentalistas anti-tabaco (ou de qualquer outra coisa) se indignem. Não percebo que pessoas razoáveis idem aspas.
Em vez de se raciocinar assim:
Eles que fumem nos casinos! ou, Ao menos fuma-se nos casinos! (dependendo, respectivamente, do desprazer ou prazer que cada um tem ao inalar nicotina);
Raciocina-se assado:
É proibido, é proibido! ou, Se eu não posso fumar, eles também não! (dependendo, respectivamente, de se ser mais autoritário ou invejoso).
Nenhuma das hipóteses é estimável.
Sinal dos tempos – e de uma preocupção higienista singular que tem antecedentes em leis tão tenebrosas como as do apuramento da raça ariana propostas pelo III Reich e aplicações tão actuais, presume-se, como a de Sócrates baixar o IVA dos ginásios de 21 para 5% – a proibição do fumo terá vindo para ficar.
Seria demagógico, apesar de muito, muito tentador (pelo que não resisto) lembrar que destas seis figuras, Churchill, Roosevelt, Estaline, Hitler, Mussolini e Franco, só precisamente as três últimas eram não-fumadores, mas até eu que fumadora me confesso sei reconhecer quando um argumento não tem pernas para andar (além de que o Estaline me estraga bastante o painel).
Assim, o único argumento que me ocorre contra leis proibitivas é o que remete para a sua eficácia (e eis-me rendida ao pragmatismo):
Se a SIDA (para me ater a uma patologia tendencialmente mortífera) fosse provocada pela ingestão de bróculos ou de couves de bruxelas, fácil seria exterminá-la. Proibiam-se os bróculos, interditavam-se as couves e era remédio santo. O problema é que a SIDA também se transmite pelo sexo e o sexo está associado ao prazer. E o prazer bem que podem proibi-lo...
Não estou com isto a insinuar (a soldo que qualquer Tabaqueira) que os fumadores têm orgasmos sucessivos cada vez que dão uma passa, até porque não sou freudiana. Estou simplesmente a dizer que têm prazer ao fumar.
Esclareço, para depois não me virem chamar selvagem, que sou daquelas que às vezes agradece o cartão vermelho (será por motivos egoístas: fumo menos). E das que não tem por hábito soprar glamourosamente para cima dos comensais da mesa ao lado. Na praia uso um cone, certificado ou improvisado, ou guardo as beatas no saco. Nos quartos não entram cigarros e até já considerei abandonar o tabaco por causa do maldito cheiro (cá em casa mais depressa se morrerá de uma pneunomia provocada pelas correntes de ar do que do fumo). Mas a verdade é que, e agora cito, «um governo que punisse todos os vícios de maneira imparcial é segundo toda a evidência de tal maneira impossível que nunca se viu, nem verá, uma pessoa tão estúpida que o propusesse».
O texto foi picado ao Café dos Loucos, vem assinado por Lysander Spooner (os vícios não são crime, fenda, 1999) e continua: «O máximo que se pode propor é que o governo puna um vicio ao acaso, ou quando muito alguns, ou aqueles que considera repugnantes. Mas trata-se de uma discriminação totalmente absurda, ilógica e tirânica. Que direito pode ter seja que grupo de homens a dizer: "nós puniremos os vícios dos outros homens mas ninguém punirá os nossos próprios vícios (...)».
Dir-lhe-ia, se fosse vivo, caríssimo Lysander Spooner, que a mim o que me assusta realmente são os que não têm vício nenhum. Que também os há. Como o homem do bigodinho do painel de ainda há bocado.
Esclareço, para depois não me virem chamar selvagem, que sou daquelas que às vezes agradece o cartão vermelho (será por motivos egoístas: fumo menos). E das que não tem por hábito soprar glamourosamente para cima dos comensais da mesa ao lado. Na praia uso um cone, certificado ou improvisado, ou guardo as beatas no saco. Nos quartos não entram cigarros e até já considerei abandonar o tabaco por causa do maldito cheiro (cá em casa mais depressa se morrerá de uma pneunomia provocada pelas correntes de ar do que do fumo). Mas a verdade é que, e agora cito, «um governo que punisse todos os vícios de maneira imparcial é segundo toda a evidência de tal maneira impossível que nunca se viu, nem verá, uma pessoa tão estúpida que o propusesse».
O texto foi picado ao Café dos Loucos, vem assinado por Lysander Spooner (os vícios não são crime, fenda, 1999) e continua: «O máximo que se pode propor é que o governo puna um vicio ao acaso, ou quando muito alguns, ou aqueles que considera repugnantes. Mas trata-se de uma discriminação totalmente absurda, ilógica e tirânica. Que direito pode ter seja que grupo de homens a dizer: "nós puniremos os vícios dos outros homens mas ninguém punirá os nossos próprios vícios (...)».
Dir-lhe-ia, se fosse vivo, caríssimo Lysander Spooner, que a mim o que me assusta realmente são os que não têm vício nenhum. Que também os há. Como o homem do bigodinho do painel de ainda há bocado.
[... vieram-me nesmo agora dizer que o Primeiro-Ministro decidiu que o Tratado Europeu não iria a referendo («um dos grandes defeitos da Democracia é os resultados»). Vou contar até 10, fumar um cigarro e recolher ao leito. Boa noite!]
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